terça-feira, 25 de outubro de 2016

Por Amor

Dei por mim completamente desesperada por ser aceite. Completamente desesperada para que falassem comigo. Para que me dessem só um sinal de que se importavam e que sabiam quem eu era. Na perspectiva de muita gente, posso ter caído no ridículo, posso ter descido baixo. Mas para mim, o que fiz foi uma misera amostra daquilo que posso e consigo fazer por amor.  Porque eu não desisto de quem gosto, eu vou até ao limite, ultrapassando muitas vezes aquilo que é aceitável.

Dei por mim desesperada e cega de amor, no chão da minha sala, numa noite já fria de Outono, a emitir uns "chuuuiin chuiin chuiin" às minhas porquinhas da Índia na esperança que me respondessem.

Há quem consiga descer mais baixo, eu sei. 

Apresento-vos a Dulce e a Lucinda, os meus recentes rebentos. 




segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Esborrachei-me na Minha Própria Banheira

Depois do meu banho tomado, e depois do meu creme posto (acreditem, este pormenor é importante) comecei a limpar a casa de banho. 

Lalalalala limpa a sanita, tralalalalalala limpa o lavatório, lululululu limpa o bidé, que aproveito para revelar, nunca foi utilizado, rebeubeubeu limpa a banheira, e como vais bem lançada aproveita e limpa lá também os azulejos da parede. 

Comecei pelos azulejos da parede da banheira e pela ponta esquerda. Borrifei o produto e passei com o pano. Ai sou tão feliz e eficiente a fazer limpezas, pensei eu com os joelhos apoiados na banheira, enquanto me esticava para chegar à parede com o pano. Andei para a direita, para limpar mais um pouco, e apoiei a minha mão esquerda na parede que já tinha sido limpa e que estava, portanto, molhada. Conseguem perceber mais ou menos o que veio a seguir?

Não? Eu conto.

Veio todo um desequilibro do meu esqueleto que ocorreu devido à escorregadela da minha mão na parede, que não conseguiu ser travada com o meu corpo, porque os meus joelhos e as minhas pernas estavam com creme, e estavam apoiados numa banheira acabada de ser limpa, e por sua vez, também ela molhada. 

O que veio depois também foi muito giro. Fui eu a constatar em voz alta para ninguém ouvir "ai foda-se, vou cair" e a esborrachar-me dentro da minha própria banheira.

Deve haver maneiras mais dignas de morrer. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Para Cabra, Cabra e Meia

Estava no Multibanco para fazer alguns dos pagamentos da empresa e tinha uma pessoa à minha frente. 

Quando chegou a minha vez, saquei do papel onde tenho TODOS os NIBS dos nossos fornecedores para consultar o NIB dos 2 ou 3 pagamentos que tinha para fazer. Sim, ainda fazemos pagamentos no Multibanco. Calem-se e deixem-me continuar.

Assim que abri o papel, que está cheio de nomes e números, ouvi, com o sotaque afectado tão típico que têm as pessoas aqui de Cascais, o seguinte: 

"Não me digaaaa que vai fazer esses pagamentos tooodoooos?" 

Troquei um olhar nervoso com o Óscar, o boneco verde que trabalha nas caixas do multibanco, enquanto tentava processar o que se estava ali a passar. Tinha uma pessoa atrás de mim, que para além de ter invadido o meu espaço pessoal sem pedir licença, se armou em chica esperta. A Senhora estava, portanto, a pedi-las. Dei-me ao trabalho de virar a minha esbelta figura, e respondi-lhe:

"Olhe, por acaso até vou. Está com azar" 

A tiazoca abana a sua cabeleira, pintada de louro para esconder os brancos e fazer parecer que ainda tem 35 anos, dá meia volta e vai embora a grunhir: 

"Isto há gente que realmente..." 

Temos pena Tia. Para cabra, cabra e meia.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Que Faço?

Há decisões na nossa vida que têm de ser muito bem ponderadas. Temos de analisar os prós e os contras e acima de tudo, pensar nas consequências a longo prazo. Tomamos decisões erradas por termos agido por impulso, e os anos que levamos desta vida ensinam-nos a ser mais prudentes e cautelosos. 

Tenho-me debatido ultimamente em dar ou não, o meu número de telefone de casa à minha avó. 

Sempre que lhe ligo do telemóvel ela pensa que eu estou a gastar dinheiro e despacha-me dizendo "não gastes mais, vai lá". Eu mantenho-a na ignorância, coitadinha, mas só porque me convém que aqueles simpáticos 20 minutos não se transformem nuns torturantes 70. 

Dar-lhe o meu número de casa implica ela ligar-me quando quiser, e demorar o tempo que bem entender. 

Ajudem-me. O que faço?

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Caixa Prioritária

Ontem estava no Jumbo de Cascais, e ao meu lado estava a caixa prioritária. 

Chegou um senhor de cadeira de rodas, e nenhuma das 3 pessoas que ele tinha à frente se mexeu. 

A idiota da funcionária da caixa, com ar de estrume, perguntou-lhe: "O senhor quer passar?" 

Ao que o senhor respondeu, "não, deixe estar, eu aguardo", não fosse ainda ser acusado de se estar a aproveitar da sua condição para passar à frente das pessoas. 

Fiquei indignada com tudo isto, e acho que a minha cara não o escondeu, porque calhou cruzarmos olhares e ele levantou ligeiramente os ombros como que a dizer-me "não te chateies que eu também não". 

As pessoas continuaram sem se mexer, pagaram as suas compras com a maior das tranquilidades e ninguém teve a dignidade de dizer ao homem para ele passar à frente.

Revolta-me muito viver num mundo povoado por gente assim.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

O Cúmulo da Riqueza

Estávamos 5 pessoas num carro, quando um de nós fez uma observação sobre o telefone do meu namorado, que é um Nokia igual a este: 


"blablablabla está calado, andas para aí com o telefone do SASE" 

Rimo-nos todos muito pela genialidade da piada e por se ter lembrado do SASE. Foi toda uma galhofa naquele carro até ao acalmar natural da coisa. Quando as coisas acalmaram, uma das pessoas do carro, com um jeito meio tímido pergunta: 

"o que é que é o SASE?"

Cá está, é este o cúmulo do menino rico. Vive tão distanciado da realidade dos meninos pobres, que nem sabe o que é o SASE.

[cuidado com os insultos na caixa de comentários. O menino rico lê este blog através do seu iPhone 7 plus]

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Magra e Insignificante

Olá. 

O meu nome é Catarina e sou tão magra e insignificante que o sensor da luz do meu prédio NUNCA dispara quando eu passo. 

Fim. 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

As Calças do Azar

Há muita gente que tem a roupa da sorte. Aquela peça que gostam de vestir em ocasiões especiais porque, tão queridos, acham que vai fazer com que as coisas corram bem. Como eu sou do contra, tenho a peça de roupa do azar, que são umas calças de que gosto muito, num cor-de-rosa muito claro. Por peça do azar não quero dizer que quando as visto, as coisas me corram mal. Quero antes dizer que sempre que as visto, me sujo. 

Estreei estas calças num jogo que fui assistir ao estádio da luz. Creio que com isso lhes mostrei o quão importantes eram para mim. Como é que as calças me agradeceram o destaque que lhes dei na minha vida? Com uma nódoa que não sai, as putas.

Mas parte da culpa  foi minha, assumo isso, porque o que tenho de azarada, tenho a duplicar de estúpida.  Toda a gente sabe que não podemos entrar na catedral de qualquer maneira. Temos de estar no nosso melhor. Resolvi pois, na viagem a caminho do estádio, pintar as unhas. Carro, verniz, pernas, curvas, travagens, tem tudo para correr bem, não é verdade? Correu mesmo bem: uma pinga de verniz cor de rosa perto da zona do joelho. Como sabia que ia fazer borrada se tentasse limpar no momento, deixei o verniz secar para o tentar remover mais tarde no aconchego do meu lar. Nada resultou, NADA! Após várias lavagens, ele continua aqui, fluorescente que só ele. 

A segunda marca de guerra não sei bem ao certo quando é que aconteceu, mas também ainda cá está. É uma mancha a dar para o cinzento, que se não é óleo do carro, anda perto. Tentei passar um produto para remover manchas de óleo e nada. Passei pó talco e nada. Passei três mil truques caseiros e NADA. Se não for óleo, só pode ser um pouco de bosta de diabo. Como está na zona do calcanhar e mal se nota, deixei de me preocupar. 

De nódoas permanentes felizmente só tenho estas. No entanto, vestia-as há umas semanas e calhou ter de ir a casa da minha avó. Adivinhem que é que adorou limpar a boca com 300 Kg de baba às minhas calças? O meu cão, claro. Calcinhas utilizadas uma vez, e cesto da roupa com elas. 

Hoje à hora do almoço ajoelhei-me para escorrer para o lixo, o azeite da lata de atum. A última vez que comi atum deve ter sido há umas duas semanas, é importante referir isto antes que comecem para aí a pensar que sou uma lontra que só se alimenta de enlatados. É importante referir também, que não uso avental para cozinhar. Porquê? Porque NUNCA me sujo. Cozinho quase diariamente há 4 meses, e NUNCA me sujei, juro-vos por tudo. Claro que hoje me sujei, não é verdade? E sujei-me porquê? Porque tenho as minhas calças do azar vestidas. Escorri o azeite do atum e depois de quase todo escorrido, puxei a tampa da lata para trás, como faço sempre, mas sem a tirar na totalidade precisamente para não salpicar tudo de azeite. Corre sempre bem. Hoje não correu, claro. Não sei o que fiz, puxei com demasiada força ou eu sei lá, e a tampa saltou toda, espirrando todo o meu joelho esquerdo de pingas de azeite. Que maravilha. 

Foi depois disto que baixei os braços, dei-me por vencida e cedi às evidências: estas são as minhas calças do azar. Gosto mesmo destas calças porra. Assentam-me bem, são simples, tanto dão para um look descontraído como para um mais formal e fico muito triste que me tratem assim quando eu as lavo com o maior dos carinhos e as passo a ferro cheia de delicadeza. Não são umas calças que possa usar muito porque são de primavera, logo, é preciso uma porra gigantesca de azar, para me sujar sempre que estou com elas vestidas. NUNCA jamais em tempo algum as consegui usar duas vezes sem ter de as lavar, e isso deixa-me bastante deprimida. 

Desculpem este desabado de 70 metros, mas estava mesmo a precisar. Façam-me sentir melhor, falem-me da vossa peça de roupa do azar. Ou sou só eu que a tenho?