(AVISO: Post lamechas)
Na quinta-feira despedi-me de uma das pessoas mais importantes da minha vida. Foram quase quatro anos de vida em comum, de convivência diária e de muitas, muitas experiências.
Muita gente passou pela vida do meu boguinhas. Foi o primeiro carro da minha mãe, foi o carro que me transportou enquanto criança, foi o carro que transportou os meus dois irmãos enquanto também eles, crianças, foi o carro do meu irmão quando ele começou a conduzir, e ditou o destino que a última dona dele, fosse eu. Muita gente sentou o rabo naqueles bancos, muita conversa ouviu o boguinhas, muita coisa viu o meu boguinhas.
Chorei quando soube que tinha de me desfazer dele. Não quis que ele pensasse que não queria lutar mais pelo nosso amor. Tornou-se simplesmente um amor caro de suportar, e sendo eu uma pelintra, tive de o abandonar. E isso magoa muito. Disse-me um amigo, que custa ainda mais virar as costas a alguém que nunca nos fez mal. É assim que me sinto.
Era um carro cheio de personalidade. Nunca pegava à primeira nos dias mais frios (nem à segunda, nem à terceira), deu-me os músculos nos braços que tenho hoje, fazia muito barulho, mas levou-me sempre onde eu quis ir, e deu boleia a quase todos os meus amigos.
Em memória do meu boguinhas, deixo algumas fotos para mais tarde recordar, e peço que partilhem uma ou outra memória que tenham dele, de forma a me aquecerem um pouco o coração.
Não sei se alguém o vai comprar. Mas se algum dia o virem a rolar na rua, a ser conduzido por outra pessoa que não eu, sigam-no e matem o condutor. Fora do carro, para não o sujar.