sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Se Eu Fosse


No outro dia tinha este recado no vidro do meu carro quando saí para a hora de almoço. 
O meu primeiro pensamento foi: "Filhos da Mãe, já me bateram no carro!" 
Mas não, o carro não tinha nenhum risco ou amolgadela. Guardei o bilhete, e segui com a minha vida. 

Se eu não fosse uma comum mortal, pensava que me tinham posto uma bomba no carro.
Se eu pertencesse ao clube das chaves, agarrava neste papel e ia à morada que lá vem escrita. Tenho a certeza de que isso me iria levar numa aventura inesquecível, resolvia um homicídio, mandava prender um bandido, encontrava uma fortuna escondida, e tornava-me uma heroína nacional. 
Se eu fosse a Madre Teresa de Calcutá, primeiro, ainda estava viva e segundo ia a casa desta pessoa e ia ensiná-lo a escrever como deve ser, e quem sabe, fazer-lhe uma sopinha. 
Se eu fosse maluca dos cornos, ia pelo meu pé a esta morada, tocava à porta e ficava lá um pouco a ter pena da pessoa. Mas só um dia. 
Se eu fosse a minha mãe, nunca mais deixava o carro no mesmo sítio, nunca mais ia trabalhar, e nunca mais existia. 

Como sou espectacular, limitei-me a pesquisar a rua no Google Maps, verifiquei que é atrás da rua onde trabalho, e interiorizei que há cada vez mais malucos neste mundo. 

No entanto, se deixar de vir aqui escrever, ou deixar de vos responder a mensagens e atender telefonemas, dêem um saltinho a esta morada. Provavelmente estou lá, na cave, a ser cortada aos bocados. 

7 comentários:

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